10 de Maio, sábado |
Acordei às 6 da manhã e não consegui ficar mais tempo na cama. Vim escrever o diário. A Amarela instalou-se prontamente no colo.
Como ando super cansada deito-me cedo e vou acordando cada vez mais cedo. Isto tem que acabar. Sinto falta da minha rotina.
Depois do texto recente sobre o país, recebi o mail obrigatório que se pode resumir a 'ah, os jovens já não se lembram do 25 de Abril'.
Não o transcrevo para aqui porque era um testamento gigantesco com pretensões poéticas que não gostaria de infligir a ninguém. Para além disso, it missed the point.
Eu sei a diferença entre Portugal antes e depois do 25 de Abril. As pessoas já não têm medo de ser presas sem motivo e já não acham normal ter escutas no telefone. Já podem dizer mal do que quer que seja sem pensar sobre se estará alguém a ouvir. Mas eu não me refiro a nada disso. Eu falo do país ACTUAL.
O 25 de Abril foi à 30 anos!* Sim, o país estava 20 anos atrasado. OK. Mas será que alguém tem efectivamente a lata de me dizer que isto é o melhor que se podia fazer em 30 anos? É treta.
Não me falem do 25 de Abril. Todos os ricaços que fugiram no 25 de Abril estão de volta e continuam a controlar as empresas e a economia do país. E a dizer que antes do 25 de Abril é que era bom. E os ministros? Quantos ministros do governo fascista é que já tivemos de volta nos governos pós 25 de Abril? Será que ninguém repara?
Então e o Paulo Portas? É o fascista por excelencia. Não é mais do que um aspirante a Hitlerzinho que nem sequer foi eleito. Como é que me podem falar na importância do voto quando um gajo sem votos nenhuns pode simplesmente tornar-se ministro do governo eleito quando antes era da concorrencia? É a técnica da pulga. Pula-se para o primeiro cão que aparece.
Ou seja, o 25 de Abril não é chamado para a conversa.
O país é composto de pessoas e as pessoas do nosso país não fazem nada sem perguntar 'o que é que eu ganho com isso?' Palavras como civismo e termos como para o bem comum não pertencem ao vocabulário da maioria dos portugueses. É por isso que isto não anda. Não tem nada a ver com o facto de termos tido um governo fascista.
E será que eu sou melhor que os outros? Provavelmete não. Sou demasiado cínica para acreditar que uma pessoa pode mudar alguma coisa. Faço o que posso quando posso mas não ando à procura de causas. Simplesmente reservo o direito de observar e reclamar. E faço-o oficialmente. Se toda a gente apresentasse reclamações às empresas, por exemplo, quando um serviço funciona mal, é provavel que, devido ao volume das reclamações as coisas mudassem. As empresas, neste momento, não querem saber dos clientes para nada. A TVCabo é um excelente exemplo disso.
Quanto ao governo é que não há mesmo nada a fazer.
Voltei para a cama. Desabafar faz sempre bem :)
Às onze voltei a levantar-me e fui com o Pedro ver o X2. Gostei.
De todas as adaptações de comics esta parece-me sempre a mais bem conseguida. Tem uma temática universal - racismo - imensos personagens para explorar, e actores excelentes - especialmente os dois mais velhos.
O Spiderman, por exemplo, começa bem, com a exploração do personagem mas depois torna-se demasiado lamechas, o que estraga o filme. O Batman, apesar de ter uma imagem gira, enquanto feito pelo Tim Burton, nunca funcionou a nível dos argumentos. E o próprio personagem do Batman não tinha força nenhuma.
Enfim. Agora falta o Hulk, que tem a particularidade de ser realizado pelo Ang Lee. Pode ser que seja interessante.
Depois do filme demos uma voltinha e regressámos a casa. Arrumeir mais umas coisas. Acho que cheguei ao ponto em que o segundo quarto está quase usavel. A sua função é que é um pouco incerta.
* Se alguém se atreve a corrigir sobre como o 25 de Abril foi há 29 anos e não há 30, eu chateio-me a sério. |
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