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diário :: Janeiro 2000
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1 de Janeiro
Logo de manhã quando estava á procura de qualquer coisa para ver na televisão enquanto tomo o pequeno almoço, descobri que estava a dar um filme que estou para ver desde os doze anos. É um teenage movie de vampiros chamado The Lost Boys. Eu sempre gostei de filmes de vampiros mas nunca tinha conseguido ver este. Vi hoje a última meia hora do filme. Não é tão mau como eu pensava e a maquilhagem está bem feita, mesmo vendo o filme agora, com tantos anos de atraso. Mas continua a ser um daqueles filmes adolescentes dos anos oitenta.
Eu este ano queria escapar-me ao almoço de Ano Novo. A única coisa que eu quero das férias é ter tempo livre e isso acaba por nunca acontecer.
Fomos portante ao almoço de ano novo com os meus pais e os pais do Pedro. Comemos bifes no forno, excelentes como sempre, e apesar de estar pouca gente só conseguimos estar em casa já depois das cinco da tarde. Mas também é natural porque o almoço estava combinado para as duas visto que ninguém se queria levantar muito cedo. O resultado é que temos o frigorífico cheio de comida. Podia ser pior :)
Eu e o Pedro estivemos depois a ver o filme que não conseguimos ver ontem (Lock Stock and Two Smoking Barrles, agora disponível em video), e depois jantámos e jogámos mais um bocadinho de Gabriel Knight. Dei comida às gatas e mudei o caixote antes de me ir deitar a ler mais um bocadinho do Hitchhicker's guide. Não sei se consigo acabar o livro. Já me começa a cansar um bocado o facto de não chegarem a lado nenhum.
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2 de Janeiro
Não dormi grande coisa esta noite. Sonhei um filme inteiro que nunca vi e se calhar devia escrever o argumento antes que me esqueça mas acho que acabaria por ser uma história muito lamechas.
Básicamente era a história de um tipo que de repente, num belo dia de manhã, enquanto está a fazer a barba em frente ao espelho, descobre que passou para um universo alternativo. O seu reflexo no espelho está constantemente a transformar-se na cara de outras pessoas que ele não sabe quem são e depois volta a ser ele. Quandio se vira descobre que está na casa de uma senhora japonesa que diz que está tudo pronto e só estão à espera dele e que vai ser torturado até à morte. Tudo isto explicado com uma grande delicadeza como se fosse muito comum. O homem tenta regressar ao seu mundo mas o único elo de ligação que tem é o filho. Tem de se concentrar na criança e por momentos consegue regressar mas depois desaparece tudo outra vez.
Como todos os sonhos, não sei como é que acaba, mas se for como de costume ia acabar mal.
Acho que não estou a gostar muito da ideia de ter que ir trabalhar amanhã. Quando acordo às seis da manhã geralmente é por isso.
Devia ir preparar a aula de história de arte que tenho de dar amanhã mas é a última coisa que me apetece fazer a um domingo.
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3 de Janeiro
Regresso ao trabalho. Andei a manhã toda completamente deprimida. Pus dois alunos na rua e fiquei com vontade de fazer o mesmo aos outros todos mas dava demasiado trabalho a escrever as participações.
Já tenho mais testes para fazer no próximo fim de semana. Oh Joy!
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4 de Janeiro
Aula de piano. Ginásio. Aula.
Fui buscar os sapatos que comprei a semana passada e que tinham ficado na loja para alargar ligeiramente. Agora estão impecáveis. Tenho sempre o mesmo problema. O meu número é sempre mais ou menos a meio. Nunca coincide inteiramente com os números que existem. Ainda por cima tenho uns pezinhos nada pequenos o que torna estas coisas ainda mais complicadas visto que as lojas raramente têm o número. Enfim.
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5 de Janeiro
Dia de manutenção gatal: lavagem dos panos onde elas dormem, do chão e dos próprios gatos.
Depois dei aulas à noite. Nada de excepcional.
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6 de Janeiro
Já não tinha saudades nenhumas das quintas feiras. Consegui não por nenhum aluno na rua mas eles continuam tão barulhentos!
O problema é que até estão a falar sobre o trabalho que estão a fazer, por isso nem posso ralhar muito.
As aulas da noite foram a calma do costume. Só tive alunos a passar rapidamente para pedir emprestados ou devolver livros para tirar fotocópias.
Como é o último dia de aulas da semana, achei que merecia ir alugar uns filmes. Queria o Existenz ou o Matrix mas não estava lá nenhum. Apesar de tudo, ainda consegui melhor: o Oscar and Lucinda que estava para ver há quase dois anos e nunca mais saía em vídeo. Troxe também o The Horse Whisperer em DVD para experimentar.
Vi o Oscar and Lucinda. Já tinha lido o livro e achei que o filme, apesar de extremamente simplificado, como sempre, está bastante fiel ao livro. Excepto no final. Mas eu detestei o final do livro de tal forma que perfiro assim. É mais optimista e uma pessoa sente-se menos enganada. Aliás, acho que o próprio Peter Carey aprovou a alteração à história porque leu o guião e parece que até disse que gostava de se ter lembrado desse final. Acho que é mentira mas pronto, gostei mais assim. Quando acabei o livro estava aos berros 'não, não! Não pode acabar assim!!!'
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7 de Janeiro
De manhã começei a ver o Horse Whisperer. Parece um grande dramalhão mas é capaz de não ser muito mau.
Tive de interromper o filme para ir à aula de piano. Não estudei grande coisa desde a última aula...
Continuei a ver o filme. É tão grande que é preciso virar o DVD a meio para ver o resto.
È daqueles filmes que deviam vir acompanhados de um pacote de kleenex. A grande chatice de ver estes filmes é que o efeito demora a passar. Depois sinto-me deprimida o resto do dia sem saber muito bem porquê. Sim, já sei. Sou muito sensível. Pelo menos já não choro com o Sylvester a levar na cabeça com uma vassora.
Estive a fazer screen captures do Oscar and Lucinda antes de o ter que devolver. Acho que vão ficar bem mas são só grandes planos da cara do Ralph Fiennes (é preciso ver quem é o público alvo do meu site), por isso não têm muito interesse para a população em geral.
Ligaram da escola a dizer que tenho uma reunião na segunda feira. porreiro! Não tenho uma das aulas por causa da reunião. Yay!
Trouxemos um filme dos Cohen, The Great Lebowski, e ao explicarmos à senhora do clube de video a nossa batalha com o English Patient ela deixou-nos traxer o DVD que têm lá para experimentarmos. Deu erro à mesma. Aliás, o Pedro já foi trocar a segunda cópia p+elo Pulp Fiction que pelo menos funciona. Por isso, a todas as pessoas que estejam a pensar comprar a edição portuguesa do English Patient: não comprem. Estão estragados. Já experimentámos três, na loja, noutro modelo de leitor também não funcionou, etc e tal.
Agora vou jantar.
Acabei de jantar e de ver o The Big Lebowski. É um filme típico dos Cohen. Muito estranho, divertido e os personagens são todos completamente passados. Pelo menos não foi um desperdício do meu tempo.
Fim de semanaaaaaaaaa!!!!!!
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8 de Janeiro
Tenho trabalho para fazer mas não me apetece. Em vez disso acho que vou antes jogar Grim Fandango.
A Carla esteve cá com a irmã e o irmão. Mostrei-lhes o DVD e o piano e levaram um saco de cassetes de video. Agora fazem maratonas de filmes ao fim de semana, o que eu acho muito bem.
Também gostava de poder fazer isso sem ter de me preocupar com mais nada.
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9 de Janeiro
Fiz exames e pouco mais a não ser tocar um bocadinho. A sonatina continua a dar-me umas dores de cabeça. Parece tão fácil quando se olha para a pauta!
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10 de Janeiro
Tive a primeira aula seguida de uma reunião de três horas (os meus alunos ficaram felizes e eu também, diga-se de passagem, por não ter que os aturar a eles), seguida de outra reunião de uma hora em que tive que explicar a um professor de Português porque é que eu acho que tenho de dar história de arte por ordem ds períodos em vez de dar a pop art antes do renascimenteo, seguida de uma aula de história de arte de 45 minutos em que consegui dar o Românico e o Gótico.
No furo que tenho a seguir - supostamente para jantar - fomos à veterinária. Não estava lá. Teve uma emergência porque um gatinho caiu de uma janela e rebentou a bexiga. Só espero que se safe.
Voltámos a arrastar as gatas para casa e fui jantar antes de regressar à escola.
Pensei que ia ter uma aula normal mas apareceu uma senhora que tinha marcado teste há imenso tempo e que depois nunca mais apareceu. Eu já me tinha esquecido mas felizmente que inha um teste comigo por isso correu tudo bem. Até acho que passou.
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11 de Janeiro
O Pedro teve de ir fazer um exame ao hospital hoje de manhã e eu fui com ele. Por isso levantei-me às sete - depois de me deitar tarde, claro, porque às segundas só saio às onze e meia - completamente a morrer de sono, e fomos embora. Estivemos meia hora na sala de espera e eu depois estive mais uma hora à espera que o Pedro voltasse - nada de estranho, era suposto ser demorado. No entanto ele acabou por não fazer o exame completo e foi tudo para nada. É mais do que suficiente para me pôr de mau humor para o resto do dia.
Quando voltámos, por volta das onze, voltei para a cama e dormi até à uma hora. Depois levantei-me e fui para a aula de piano. Nunca tive tantos problemas de concentração como hoje. Mas mesmo assim não correu muito mal. No fundo, as aulas de piano funcionam principalmente como audições, ou seja, eu chego lá e toco aquilo que me foi mandado estudar. Se está bem passa-se ao exercício seguinte, se está mal, o Alfredo corrige e tenho de melhorar até à aula seguinte. Como eu não estudo as duas horas diárias que devia, até me espanto da velocidade com que estou a andar. Mas agora que os exercícios se começam a complicar já estou a dar pela falta de estudo. Enfim, é como tudo. Sem empenho não se chega a lado nenhum.
Aquilo que me irrita é que se eu estudo pouco, nem sequer é por falta de vontade. é mais por falta de tempo ou por estar tão consada que já nem distingo umas teclas das outras. Não admira que os grandes músicos não façam mais nada. It´s a full time job...
Passei pelo Pingo Doce para trazer alguma comida e vim para casa almoçar (por volta das quatro da tarde, claro). Quando estava a chegar a casa lembrei-me de ir ao clube de vídeo ver se tinham o Matrix. E, estranhamente, estava lá. Já tenho o que ver esta noite.
Fui dar a minha aula de terça feira. Digo sempre a mim mesma; não vale a pena irritar-me. É só uma hora. Mas isso nunca funciona. Já está mais do que decidido que prefiro ficar desempregada para o ano a concorrer para as escolas preparatórias. Vou evitar ao máximo ficar com miúdos pequenos.
Quando voltei estive a ler um bocado. Já vou no terceiro livro do Hitchhiker's Guide. Na verdade está a começar a irritar-me aquilo não tem história. Tem alumas coisas, nomeadamente descrições, com piada, mas não acontece nada. É terrivelmente frustrante.
Acho que vou comçar a ler outra coisa ao mesmo tempo. Preciso de um livro que seja um pouco mais intelectualmente estimulante.
Jantámos e vimos o Matrix. O pedro estava com um sorriso constante nos lábios. Eu até achei que não estava mal feito mas não é uma obtra prima. O mauzão era horrivelmente mau actor - ou então imita muito bem - e o filme não tem grande história. Vive principalmente dos efeitos especiais, que realmente estão muito bem feitos. E desta vez até são utilizados para contar a história e não apenas para show-off, ou seja, o show-off faz parte da aprendizagem e este fime não seria possível ter sido feito hà dez anos, por exemplo. Técnicamente pareceu-me perfeito. Mas percebe-se que eles querem fazer outro(s). Afinal, os bons não destroem aquilo tudo no fim como num comum filme de acção, por isso têm mesmo que existir mais filmes. Mas não achei uma grande banhada, mesmo eu que já não suporto filmes de acção. É claro que o Pedro também gostou mais porque tem uma menina vestida de plástico do princípio ao fim. É natural que eu não me 'relacione' com essas pequenas nuances...
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12 de Janeiro
Continuo a ter sonhos estranhos. Tenho mesmo que mudar qualquer coisa rapidamente - nomeadamente de emprego - antes que o meu cérebro se converta definitivamente em gelatina. A única coisa boa que tenho últimamente é poder dormir e já nem isso consigo fazer convenientemente.
Mas também não admira. O Pedro quando tem chatices vem despejar tudo para cima de mim e depois vai calmamente para a cama. Eu é que fico com aquela sensação de que devia conseguir fazer qualquer coisa para ajudar e fico num estado de ansiedade tremendo e não consigo dormir. Acabo a dar por mim a reavaliar a minha vida e a descobrir que não estou inteiramente satisfeita.
Levantei-me para ir fazer algum trabalho para ajudar o Pedro que já se está prestes a afogar em tudo o que tem que fazer esta semana. Infelizmente não me consegue passar tarefas suficientes. Demorei cerca de dez minutos. Não se pode dizer que seja uma grande ajuda.
Agora tenho um exame para ver e tenho de estudar piano até às quatro da tarde para ver se ainda consigo ir ao ginásio hoje.
Não fui ao ginásio mas consegui praticar piano.
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13 de Janeiro
Consegui praticar um bocadinho antes de ir para as aulas. Continuo a ficar com uma grande dor de cabeça por volta das seis da tarde de quinta feira. De repente olho para o relógio e penso 'oh não! Ainda falta hora e meia!'
Ontem à noite estivemos a discutir a possibilidade de mudar novamente todas as divisões da casa. Para além disso sinto que tenho que voltar a pintar algumas coisas. Acho que já tenho o que fazer este fim de semana...
Já começei a tirar medidas para ver se a mobilia de quarto cabe na sala vermelha.
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14 de Janeiro
A aula de piano correu bem. O Alfredo diz que estou a avançar bem e que se quizer fazer exame para uma escola de música ele ajuda-me a preparar. Neste momento é um bocado impossível porque ainda sai caro e não tenho muito tempo livre mas gostava imenso de fazer isso. Ainda por cima, se espero muito tempo já não me aceitam em escola nenhuma porque são extremamente preconceituosos em relação à idade. A partir dos trinta não há nada para ninguém.
Estive a fazer planos de arrumação do quarto no computador. Fiz 5 ou 6 exemplos do como se pode arrumar os móveis e imprimi para o Pedro poder escolher. Básicamente vou ficar com um quarto muito apertadinho. Mas realmente é um desperdício ter o quarto na divisão maior porque, no fundo, nem passo muito tempo ali com os olhos abertos :)
O meu irmão emprestou-nos o DVD do South Park para ver se funcionava no nosso leitor. Funciona. É NTCS, zona 3 mas funciona. Já tenho o que ver esta noite.
Bom. Agora acho que vou pintar portas.
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15 de Janeiro
Comecei ontem e ainda não parei. Resolvi que estou farta de azul escuro e então comecei a pintar as portas, janelas, sancas e rodapés de branco. Está a dar uma trabalheira desgraçada.
Fomos ao Pão de Açucar comprar uma subcapa porque a tinta não estava a agarrar muito bem por cima do azul. Ou melhor, estava a ficar transparente e eu ia ter de ficar aqui a dar camada sobre camada para o resto da minha vida.
A subcapa está a funcionar mas ainda tenho de dar duas a três camadas de tinta para ficar bem. A casa está completamente vidada de pernas para o ar mas não quero saber. Agora vou até ao fim.
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16 de Janeiro
Continuei com as pinturas. O Pedro desmontou a mobília de quarto e por volta das nove da noite começámos a arrumar. As portas e janelas ainda precisam de mais umas camadas de tinta mas o resto está feito. Daqui a uns meses sou capaz de dar mais uma demão só para ficar melhor. Por enquanto serve para aquilo que eu queria. Mudámos a casa, ficámos com uma sala maior, um quarto mais acolhedor e eu fiquei com uma sala só para mim com o computador e os pianos. Os gatos estão agora na minha sala por isso também mudaram de ares. Vamos lá a ver se se curam.
Para estrear a sala nova acabámos de ver o South Park.
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17 de Janeiro
Quando acordei hoje de manhã não me conseguia aguentar nas pernas. Depois de dois dias e meio em cima de um escadote não há parte alguma do meu corpo que não doa quando eu me mexo.
Mesmo assim tive de ir trabalhar.
À noite tive mais uma aula relâmpago em que tento explicar o Gótico em 45 minutos, seguido de ida ao veterinário, jantar e regresso à escola onde dei exames a três alunos o que quer dizer que tenho exames para ver amanhã.
Acho que mesmo que me sentisse muito bem era um dia um pouco chato.
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18 de Janeiro
Dorme-se muito bem no nosso novo quarto. A luz que entra pela janela de manhã é uma maravilha. Vai ser um verdadeiro inforno no verão mas não quero saber. Se for preciso vou dormir para a sala.
Ainda consegui estudar um bocadinho antes da aula de piano. Depois da aula voltei para casa porque estava demasiado partida para ir ao ginásio. Aliás, da maneira como as coisas estão últimamente, acho que vou parar durante uns tempos. É mais importante neste momento ter tempo para o piano e se começar a engordar posso voltar para o ginásio a qualquer altura.
Anyway, Tive a minha aula e depois toquei mais um bocadinho. À noite vi uma filme chamado At first sight. Um daqueles só para meninas e que fazem a maior parte dos homens sair da sala a correr para ir vomitar. Gostei imenso.
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19 de Janeiro
Finalmente comecei a gravar a nova série do Mad About you. Aparentemente os pais do Pedro até andavam a ver mas não se lembraram de nos informar que já estavam a dar episódios novos e eu tenho andadno demasiado preocupada com outras coisas para me lembrar de por uma cassete só para experimentar. Felizmente que já lido um pouco melhor com estas coisas e já não tive a necessidade de arrancar a cabeça a alguém depois de me ser transmitida esta informação.
Depois de ver o episódio de ontem fui trabalhar para o Pedro um bocadinho a fazer uma estrutura para um site com uma gata deitada no ombro. Não me perguntem porquê mas o bicho gosta de equilibrismo. Como ainda tinha outro filme para ver e não me apetecia pagar multa porque tinha a sensação que não ia ser grande coisa, resolvi chegar ligeiramente atrasada à reunião e acabar de ver o filme. Foi uma boa escolha. Ainda não tinham começado e chegaram dois profs depois de mim.
O filme em si não era grande coisa. Só pelo nome devia saber Chama-se Hope Floats e é uma grande seca.
O resto do dia foi o costume. Trabalho.
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20 de Janeiro
Mais uma reunião que coincidiu com as aulas do 7º ano. Deixei entrar todos os alunos calmamente. Quando deu o segundo toque perguntei com o meu ar de quem gosta de os ver sofrer: Então, todos com vontade de trabalhar?
A resposta foi dada em uníssono 'Não!'
Eu disse, então podem sair. Eles ficaram feitos parvos a olhar para mim a dizer 'ah, pois, está a gozar' ou então 'estou a ir-me embora' mas parando à porta com um ar levemente assustado.
Quando perceberam que era a sério ficaram histéricos. Assim de repente eu era a melhor professora etc e tal. Enfim, pelo menos divirto-me às vezes.
À noite ainda pratiquei os meus exercícios de piano para estar mais ou menos preparada amanhã.
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21 de Janeiro
Hoje não fiz grande coisa. O Pedro foi novamente para o hospital cedo e mais uma vez regressou sem fazer o exame. Eu acordei às cinco com ele mas depois adormeci outra vez.
Dei os medicamentos às gatas, vi o Mad about you e fui para a aula de piano.
Quando voltei, lembrei-me que faltava pagar a luz da escada. Fui ao multibanco tratar disso e aproveitei para trazer uns filmes. Um deles já vi. Chama-se The Winter Guest, é com a Emma Thompson e a mãe dela, Philida Law e é realizado pelo Alan Rickman. É uma daqueles filmes que são mais sobre emoções do que histórias. Não tem um personagem principal mas vários focando assim quatro gerações durante um inverno tão frio que até o oceano congelou. É muito bonito mas não é para pessoas que têm aversão a filmes europeus (bom, eu também tenho aversão a filmes europeus mas faço distinção entre filmes europeus e filmes ingleses).
O outro filme fica para amanhã.
Á noite tive uma necessidade urgente de comer bolo e por isso fomos comprar um. Felizmente temos uma pastelaria que está aberta até quase à meia noite.
O jantar pode ser lasagna congelada mas a sobremesa vale a pena.
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22 de Janeiro
Vi mais um episódio do mad about you e o segundo filme que aluguei ontem. Estava com medo que fosse uma grande seca porque tem o Alan Rickman e a Emma Thompson (os mesmos do outro filme, sim) na capa, mas depois são só o quinto e sexto nomes da lista de actores. Depois descobri porquê. Os quatro primeiros são os raptores e os outros dois são os polícias.
Também conhecia a única outra menina do filme, Carla Gugino, porque entrou numa série da BBC chamada The Buccaneers, mas não reconheci o nome.
É um daqueles filmes que começa simples e depois vai-se complicando. Não é uma obra prima mas também não é a banhada que eu estava com medo que fosse. Chama-se Judas Kiss.
Depois vim tentar fazer o resumo de história de arte que os meus alunos precisam para estudar. Não é fácil.
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23 de Janeiro
Fomos almoçar com os meus pais porque o meu pai regressou ontem do Canadá. Se eu ainda tivesse 12 anos tinha-me roído de inveja.
Trouxe uma lata muito gira com Maple Syrup - que pelos vistos é impossível de encontrar cá. Acreditem, já procurei. - e um colar com uma bola de ambar. Não sei porquê mas é uma daquelas coisas que apetece morder. Tem um ar fofinho.
Fomos então almoçar com eles. Vimos o ex-quarto do meu irmão transformado em biblioteca e tirámos fotos com uma máquina tipo Polaroid. Achei piada. Vamos almoçar e deixamos as provas disso na mesa. O Pedro fica estranho por estar tão magro. Nem parece a mesma pessoa.
Acabei o resumo de história de arte para esta semana. Acho que me deviam pagar mais por isso...
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24 de Janeiro
Passei a vir a casa nos furos de segunda feira. É da maneira que não tenho que carregar com o calhamaço de história de arte o dia todo. Tirei fotocópias do resumo de história que fiz no fim de semana e entreguei aos alunos. Aproveitei para fazer umas revisões da matéria.
Tive mais três alunos de Artes Visuais a fazer exame hoje o que quer dizer que tenho trabalho para os próximos dias a corrigir e fazer pautas e processos...
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25 de Janeiro
Típica terça feira. Tive aula de música que não correu muito bem porque não estudei grande coisa durante o fim de semana. Depois vim para casa compensar a falta de estudo e fui dar a minha aula.
À noite vi os exames de ontem. Passaram todos. Epronto. Nada de interessante.
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26 de Janeiro
Tive uma reunião perfeitamente estúpida hoje. Todos os professores da escola foram obrigados a reunir-se em grupos de trabalho para discutir os novos currículos para o ensino secundário. A piada é que este não foi um pedido do ministério que nem sequer tinha entregue este documento às escolas. Muito pelo contrário, a papelada chegou à escola através do sindicato e a reunião foi iniciativa da escola. Ou seja, perdi um dia a discutir uma coisa que ninguém me pediu para discutir, para chegar a conclusões que ninguém vai ouvir. Ainda por cima, a conclusão a que se chega é que não é possível concluir coisa nenhuma porque não há informação suficiente. Um dos dias mais inúteis da minha vida. Como se não bastasse nem assinei a folha de presenças e arrisquei-me a que me marcassem falta depois de ter aturado a seca. Felizmente que fui a tempo e à noite consegui ainda apanhar alguém no Conselho directivo que escreveu uma notinha a dizer que eu tinha estado lá.
Fiz as pautas e os processos dos alunos de artes visuais e dei as boas notícias na aula. Mais três que passaram de unidade.
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27 de Janeiro
O Pedro foi fazer o seu exame pela terceira e última vez. Desta vez correu tudo bem. Já não era sem tempo. Mais uns dias e ele morria literalmente de fome.
Os miúdos do 7º ano andam a fazer trabalhos com gouache. Demora uma eternidade a secar.
Já devo ter dito isto milhares de vezes mas a única coisa que me faz conseguir sobreviver às quintas feiras é saber que não trabalho no dia seguinte. É também o dia que me renova a decisão de arranjar outro emprego para o ano. Estou farta. Vou tentar fazer outra coisa. Não tenho paciência para miúdos pequenos armados em espertos. Sinto uma inutilidade completa naquelas aulas e quero fazer outra coisa daqui para a frente. Aceitam-se propostas....
A escolha óbvia seria ir trabalhar com o Pedro para a empresa dele, como alíás quase aconteceu há dois anos. Eu acabei por sair por várias razões. Primeiro porque já tinha começado a dar aulas - precisávamos do dinheiro, um de nós tinha de ter um emprego estável e eu tinha menos problemas com isso portanto fui dar aulas. Depois porque a empresa de início teria mais possíbilidades de garantir salários a três do que a quatro ou cinco pessoas. Quanto menos gente mais fácil era não ficar a dever salários ou segurança social. Houve mais razões, mas não são tão importantes. De qualquer forma sempre ficou mais ou menos no ar que eu iria aprender Web Design, mesmo não pertencendo à empresa e entraria mais tarde quando fosse possível. Neste momento há mais trabalho por isso é uma boa altura. No entanto eu tenho a impressão de que não vai acontecer. È a mesma coisa que no Arco: não tenho o 'perfil' indicado. Cada vez que se fala na questão há sempre imensas 'dúvidas' e isso começa-me a irritar. Mas até entendo. Está tudo a correr bem e têm medo de destabilizar. Só que às vezes é preciso crescer e para crescer é preciso mudar.
Mas é difícil encontrar um trabalho interessante e criativo em qualquer lado. Eu sou uma pessoa extraordinariamente organizada, competente, empenhada, criativa e com grande facilidade de aprendizagem. Sem querer estar para aqui a gabar as minhas qualidades, acho que qualquer empresa gostaria de ter mais empregados como eu. No entanto algumas pessoas - como os sacanas do Arco - parecem achar que ter nome ou fazer uns trabalhos que encham o olho é que é importante. O trabalho faz-se com o tempo e a prática. Desde que as capacidades estejam lá o resto é uma questão de limar arestas. A grande chatice é que as empresas seleccionam as pessoas para sectores criativos a partir do portfólio. A eficiência só se pode provar depois de já ter o emprego e por isso não conta para nada.
Mas não quero saber. Vai aparecer qualquer coisa. Não fui feita para estar desempregada.
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28 de Janeiro
O penúltimo episódio do mad about you não ficou gravado. Acabou exactamente quando o video começou a gravar. É o costume.
Fui para a aula de piano. O Alfredo chegou meia hora mais tarde porque está com uma imensa gripe. Acho que tinha feito melhor se ficasse em casa, mas pronto. Estava mesmo com um aspecto completamente derrotado, coitado.
Voltei com uma grande febre de arrumação. Limpei praticamente a casa toda com lixívi - outra vez - desta vez para voltar a por os gatos na varanda. Pelo menos bate o sol de manhã, têm mais espaço e eu ficou com a minha salinha livre. Na verdade, o pânico instalou-se quando a Scully começou a roer as facturas que são dedutíveis no IRS...
Fiquei com os dedos completamente queimados da lixívia. Neste momento nem tenho impressões digitais. Mas a casa ficou mais limpa, os gatos ficaram felizes por voltar a casa e eu posso finalmente tocar piano sem um gato às costas. Não é que não fosse divertido mas quebra um bocado a concentração.
29 de Janeiro
Comecei por passar os episódios do Mad about you para a cassete final enquanto o pedro foi a casa dos pais. Troxe o episódio que faltava e fiquei assim, pelo menos, com o final da série.
Depois o pedro foi para o ginásio e eu fui tomar banho e vestir-me. Quando ele chegou fomos às compras. Não é propriamente o melhor dia por ser fim de semana e fim do mês mas tinha mesmo que ser. Ele divertiu-se a provar que consegue fazer as compras todas enquanto eu estou na secção de cosméticos. Uma pessoa já não pode ter pequenos prazeres na vida...
Trouxemos um termo-ventilados, uma balança electrónica e três baldes de Häagen-Dazs. É o progresso...
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30 de Janeiro
Levantei-me porque já não aguentava estar na cama mais tempo. Fui para a sala comer qualquer coisa - agora que já há comida novamente - e descontrair um bocado antes de ter que começar a trabalhar. Depois comecei a fazer um resumo sobre a arte do período Gótico para os meus alunos de História de Arte. Algures entre Notre-Dame e a catedral de Chartres, o Pedro entrou a perguntar se estaria interessada em crepes com Maple Syrup. É uma daquelas coisas a que é impossível resistir. Continuei o trabalho e estava de tal forma concentrada que até me esqueci o que ele estava a fazer até o Pedro entrar com um grande tabuleiro cheio de crepes. Vimos mais uns episódios do Mad about you enquanto nos empanturrámos com cerca de uma dúzia de crepes. A meio telefonou a Carla a dizer que já arranjou uma gatinha, ou melhor, arranjou alguém que tem uma gata para lhe dar.
Depois continuei a trabalhar mas fartei-me algures entre a escultura e a pintura e vim para o computador.
Ia fazer testes mas fui ver e ainda tenho testes das unidades que preciso. Como os alunos não comunicam muito uns com os outros, é difícil a informação sobre a matéria que sai nos testes circular, e mesmo que saibam, duvido que acertem tudo, por isso não estou muito perocupada e poupa-me trabalho.
Vim então fazer umas actualizações dos sites. Alguns estavam na mesma desde Agosto do ano passado. Passei a tarde a transcrever entrevistas. Consegui acabar uma mas a segunda ficou a meio porque já me doem os ombros e a minha vida não é isto. Fica para a semana.
Depois fomos jantar - bastante cedo, mas como não tínhamos almoçado por causa dos crepes, foi na hora certa. Vimos o último episódio do Mad about you e voltei para o computador.
Estive a jogar um bocadinho de Grim Fandango. Já não me lembro de quase nada. ou melhor, lembro-me do que devo fazer mas não me lembro de como se faz...
Acabei o primeiro balde de Häagen-Dazs. Sim, já sei. Devia ter vergonha.
É óptimo ter a minha salinha. Precisava disto há muito tempo. Apesar de tudo até consegui fazer muita coisa este fim de semana. A única coisa que me fica atravessada é não ter acabado de pintar as portas. Tem de ser para a semana.
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31 de Janeiro
Tive as aulas do costume e à noite, naquela que costuma ser a hora do veterinário e do jantar, tive uma reunião com os alunos a que dou História de Arte porque estão na sua maioria a ultrapassar os limites de faltas. Como não poderia deixar de ser, o aluno mais problemático faltou. O outro aluno que também tem já mais de 100 faltas apareceu e explicou que falta por motivos de trabalho (é músico e por isso trabalha de noite), o que acaba sempre por se sobrepor ao horário das aulas mas que justifica essas faltas. Os restantes alunos faltam por razões menos desculpáveis apesar de serem compreensíveis: cansaço e falta de concentração, atrasam-se a dar o jantar aos filhos, etc.
Nas minhas aulas chegam já a meio o que é grave porque eu só tenho 45 minutos de aula por semana e ao primeiro tempo. É por isso que passo os meus fins de semana a fazer resumos da matéria para eles terem pelo menos qualquer coisa por onde estudar.
Mesmo com isto tudo, ainda conseguimos ir à veterinária. Só não deu foi para comer antes de ter que voltar para as aulas.
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