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diário :: Dezembro 1999
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1 de Dezembro
Fomos almoçar com a família do Pedro para festejar os anos da Marta. O restaurante não é dos melhores mas a galinha com amendoas não estava má. Depois fomos comer o bolo de aniversário (o segundo) a casa deles e isso ocupou-nos o dia até mais ou menos às cinco da tarde, com muita conversa pelo meio, claro.
Quando viemos embora eu estava, estranhamente, a morrer de sono. Ainda com testes para ver, porque ontem à noite não acabei, é uma situação preocupante. Estiquei-me no sofá um bocado e fiquei muito quietinha até às seis e meia, hora em que tocou o telefone e eu acordei.
Fui preparar o soro para dar à Amarela e vim ver os testes. Depois fui dar comida à gata. Felizmente, depois da primeira seringada ela começou a comer sozinha. E também bebeu um grande bocado do soro de livre vontade. Parece mesmo estar a recuperar.
Entretando vim jogar Gruntz. Aquilo começa a ficar difícil a partir do nível 16.
Agora vamos dar o antibiótico aos bichos e depois vou dormir. Acabei por não praticar nada de piano outra vez (tirando o tempo que estivemos no restaurante à espera da comida porque estive a treinar o dedilhado na mesa).
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2 de Dezembro
Os meus alunos ficaram muito decepcionados por eu aparecer. Por eles, podia ficar doente todas as semanas. As aulas começam finalmente a entrar nos eixos. A maior parte dos miúdos está a trabalhar bem e os outros que dão problemas começam a ficar isolados. Para além disso, com o meu novo sistema de pontuação, semelhante ao utilizado nos jogos de futebol, eles acalmam-se um bocado. Ponho o número do aluno no quadro. Cada vez que tenho de chamar a atençaõ do aluno ponho um traço á frente do nome. Ás três ofensas tem falta.
Mesmo correndo bem as aulas, eles continuam a fazer muito barulho. Ao fim de cinco horas estava com uma dor de cabeça infernal.
À noite tive mais uma hora de apoio sem alunos e depois fui fazer a burocracia das pautas e processos dos alunos que passaram nos exames de segunda feira.
Na aula de geometria apareceram três. É o maior número de alunos que tenho nesta disciplina desde que começei as aulas.
Quando estava a meio da aula o Pedro telefona a dizer que quando levou as gatas à vet perdeu as chaves. Foi buscar as minhas à escola e voltou para deixar as gatas em casa. Afinal tinha-se esquecido das chaves em casa e acabou tudo bem, apesar da confusão.
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3 de Dezembro
Fui para o Ar.co como sempre às sextas feiras de manhã. Quando cheguei tirei algumas dúvidas e depois liguei para o director do departamento de design gráfico porque houve um erro com o pagamento do mês passado. Ele disse que já sabia e estava tudo resolvido, mas antes de desligar disse-se que tinham acontecido umas coisas e estava a pensar marcar uma reunião comigo para discutir a minha situação no Ar.co. Não disse mais nada mas como não sou estúpida percebi mais ou menos o que se estava a passar e telefonei ao Pedro a dizer que ia ser despedida. O Pedro ficou furioso e disse que se tivessem a lata de fazer isso ele também não ficava. Isso não ajudou muito e eu estava ainda na dúvida. De qualquer forma não disse nada aos alunos e continuei as aulas normalmente. Ás seis da tarde ainda estava lá a ajudar o último aluno a imprimir o trabalho. Ás seis e meia chegaram eles (chefe de departamento e segundo general), com meia hora de atraso para me dizer que não, não estava enganada, iam mesmo mandar-me passear. Começarma a dizer que o ano não estava a correr bem e que era melhor parar com isto agora antes que fosse tarde. Eu começei a fazer perguntas. Perguntei se já tinham visto os trabalhos, se algum aluno se tinha queixado do funcionamento das aulas, porque de outra forma como é que poderiam avaliar o funcionamento das aulas, depois de apenas um mês e meio e sem terem assistido a uma única aula?
Obtive respostas vagas. Não me conseguiram - ou tiveram medo - de me acusar de nada em concreto. Fiquei com a nítida sensação de que simplesmente não me querem porque não tenho prestígio suficiente para prof. da escola.
Perguntei ainda se precisavam que continuasse a dar umas aulas até encontrarem subtituto. Disseram que não. Até à proxima sexta feira encontravam alguém. Ora bem, se me contrataram porque não tinham mais ninguém (e tiveram duas semanas entre ver o meu trabalho e telefonarem a dizer que eu iria dar as aulas), então como é que agora de repente encontram alguém numa semana?
È mais do que óbvio que andaram este tempo todo à procura de alguem para me substituir e que nem sequer tiveram a decência de me dizer. Não suporto mentirosos nem cobardes.
Aquilo que mais me irrita é nem ter tido tempo de avisar os alunos. O plano deles é mesmo esse mas ainda são capazes de se lixar.
Enfim. Não foi um dia particularmente feliz. Só gostava de saber para que é que me esforço a trabalhar se depois vou ser acusada de ser incompetente. Mais valia não fazer nada.
Como se não bastasse tivemos que dar banho de betadine às gatas.
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4 de Dezembro
Levantei-me cedo e passei o dia a arrumar a casa. Limpei tudo o que me apareceu à frente, aproveitei para mudar os móveis outra vez e principalmente passar o piano para a sala onde estou mais tempo. Assim está mesmo ali e não tenho desculpa para não treinar. Por acaso pensei que a sala ficasse mais apertada do que fica. Até dá um ar acolhedor. E juntamente com a árvore de natal fica mesmo bem.
Depois estive a lavar roupa - que, com este tempo, vai demorar uma semana a secar. Eram sete da tarde. Ainda tive tempo de ir à casa comprar uma tarteira para oferecer ao meu irmão. Vou finalmente à casa nova dele manhã.
À noite vi o filme 'Of mice and Men'. É um dos mais deprimentes que já vi mas o Malkovitch é extraordinariamente convincente, como sempre, aliás.
Depois pus a gravar o The Man in the Iron Mask para ver amanhã porque não me apetecia ver dois de seguida, e fui praticar piano. A mãozinha esquerda fica logo a doer mas é assim mesmo.
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5 de Dezembro
Levantei-me relativamente tarde. Comecei logo a secar roupa no aquecedor. Tomei o pequeno almoço e comecei a ver o filme que tinha gravado ontem. Depois disse ao Pedro que estava na hora de ir andando e fui tomar banho. Ele ainda passou mais uma hora ao telefone o que nos atrasou um bocado.
Passei em casa dos meus pais para ir buscar algumas das minhas cassetes de video que estavam para lá à séculos, uma delas de X-Files para levar ao Paco, e fomos para Lisboa.
Quando chegámos ainda estivemos um bocado ao frio até o meu irmão chegar com o carro. Descobri então que estava doente. Tinha estado a vomitar e continuava a não se sentir nada bem. Fomos mesmo assim ver a casa mas o coitado esteve estendido a tarde toda sem conseguir engolir nada a não ser chá ou água. Eu e o Pedro ainda não tínhamos comido nada por isso fomos ao supermercado que é mesmo do outro lado da rua. Fizemos umas sandes e estivemos um bocado na conversa. A minha mãe telefonou muito indignada por causa da história do Ar.co. Estranahmente arranja sempre maneira de me culpar a mim, do estilo, 'vê lá se te serve de emenda para não voltares a trabalhar sem contrato'. Como se eu tivesse grandes hipóteses. Suponho que achava melhor que eu tivesse continuado sem trabalhar.
Depois chegou o Paco. Ficámos a conversar umas horas sobre possíveis planos para o Natal e passagem de ano, se vale a pena ou não processar a escola e outros assuntos interessantes. Depois tivemos que deixar o meu maninho doente e o Paco levou-nos até ao barco.
Viemos jantar e depois telefonei ao meu irmão para saber se estava melhor. Infelizmente parece que não, mas a Patrícia (com quem partilha o apartamento) já tinha chegado e pelo menos não estav sozinho. Só espero que melhore depressa. Acho que estar constantemente enjoado é ainda pior do que aquilo que eu tive recentemente. Pelo menos só vomitei uma vez e depois fiquei melhor.
E vamos lá ver se não apanhei o virus. Apesar de tudo ainda tenho as defesas em baixo. Não me convinha nada ter de voltar a faltar à escola.
Ainda estive a praticar um bocado os exercícios de piano e a secar mais roupa. Depois fiz mais uma ficha de trabalho para os alunos de amanhã e agora acho que vou dormir porque estes fins de semana dão cabo de mim.
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6 de Dezembro
A única vantagem de segunda feira é saber que não se repete na terça. De resto é um dia para esquecer.
Dei teste de História de Arte, voltei para casa um bocadinho e depois fui outra vez para teste de Artes Visuais às dez da noite. Se eu já não aguento estar ali não sei como é que os alunos conseguem ter cabeça para fazer teste àquelas horas.

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7 de Dezembro
Tive mais uma aula de paino. Passei para o exercácio dois e esta aula de terça feira passa para sexta. Dois dias seguidos não são produtivos porque não tenho tempo de estudar entre aulas.
Fui para o ginásio. Fiz 45 minutos de máquinas e 4 séries de 40 abdominais. Passei pelos exercícios todos do costume excepto bícipes porque já não tive tempo.
Fui dar aula. O aluno mais barulhento estava a sentir-se mal e começou a queixar-se de que estava toda a gente a fazer barulho. Até achei piada.
Vim para casa treinar o novo exercício. Não é difícil. Os arpegios é que me continuam a fazer confusão. São a duas oitavas e utilizo o dedo errado ao voltar para trás. Mas também é o que tenho treinado menos. O Bach vai andando. Já sabia as notas e agora estou só a melhorar a técnica.
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8 de Dezembro
Mais um feriado. Tive o azar de ter os feriados às quartas feiras e não às quintas. Não se pode ter tudo na vida.
Estive a ver testes. De história de Arte houve 4 negativas. Havia mais mas eu consegui subir. Não me pagam mais para ser má para os alunos, por isso não quero saber.
Nos de artes visuais, uma aluno teve 17,5 e o outro 8. Não havia grande coisa a fazer aqui.
Amanhã tenho de ir fazer pautas.
Depois estive a arrumar a casa, lavar alguma roupa. As actividades do costume.
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9 de Dezembro
Comecei o dia a ver o filme Reversals of Fortune com o Jeremy Irons. Nunca tinha visto e é muito giro. É uma daqueles que me andava a escapar à anos e que tive a sorte de apanhar mesmo no princípio no Hollywood.
Detesto quintas feiras. Por volta das cinco da tarde estava já com uma dor de cabeça gigantesca. Não tenho intervalos duirante as primeiras seis horas e depois, durante aquilo que devia ser a minha hora de jantar, tenho de ir tratar da burocracia dos cursos da noite - pautas, folhas de faltas, informações dos alunos menores, etc. E uma hora não chega.
Ainda por cima, só agora é que descobriram que eu preciso de entregar um atestado médico e o registo criminal. Nem sei quando é que tenho tempo para ir tratar disso.
O Pedro foi com as gatas à vet outra vez. Agora a novidade é que temos de as fechar numa sala. Então foi isso mesmo que eu fiz. Tirei as cortinas da sala vermelha, tirei as cadeiras, encostei a mesa a um canto e levei para lá os cestos os caixotes das pedras e o aquecedor. Ninguém pode dizer que ficam desconfortáveis. No entanto não acharam muita piada a ficarem fechadas.
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10 de Dezembro
Fui ao banco, às compras e à farmácia. Tinham o Pacinone para o Pedro mas não os comprimidos para as gatas. Mandaram-me passar outra vez à tarde.
Fui para a aula de piano. Cheguei 15 minutos antes da hora e por isso à escola entregar o número da ADSE - porque não me enviam o documento sem ter o número e eu já estou a trabalhar lá há dois meses. Com esta rapidez tenho o cartão um mês antes de acabar o prazo.
Depois, como ainda não eram horas, fui à Parfois e comprei umas prendas para mim (quase tão divertido como comprar prendas para as outras pessoas). Umas calças que o Pedro gostou imenso porque diz que são calças de Kung-fu - tirando o facto de serem brilhantes - uma saia de lã muito quentinha e uma mantinha cinzenta daquelas para usar por cima do casaco. Ah, e mais um par de luvas.
Finalmente abriu a escola de música. O prof ainda não tinha chegado e eles tinham um piano eléctrico na montra que me chamou a atenção: 190.000$00. Estas coisas costumam custar entre 300 e 500 contos. Pensei logo que não devia ser grande coisa mas pedi para experimentar. O teclado era excelente, pesado, e o som não era mau. Fiquei com vontade de ligar ao Pedro mas não tinha sinal no telemóvel. Pensei, bem, depois passamos por cá um dia destes. Tive a aula, passei para o exercício seguinte - apesar de achar que o segundo ainda não está muito bem - e depois fui para o ginásio matar-me.
Ao sair voltei a passar pela farmácia. Não tinham encontrado o produto em nenhum dos armazéns. Tentei outra farmácia e também não havia. Disseram que era demasiado antigo ou demasiado recente. Pronto, paciência. É da maneira que as gatas mantêm o fígado intacto.
No meio disto tudo falei ao Pedro no piano. Ele cometeu o erro de dizer que era uma boa ideia. Telefonei para a loja e às nove da noite estavam eles com a máquina à porta do prédio. É castanho mas o teclado é mesmo muito bom. E ainda por cima ofereceram o banco - uma coisa gigantesca!
Demos banho às gatas com um shampoo especial e começámos a pôr Lamisil numa das lesões da Amarela a ver o que aquilo dá. Desta vez fiquei com furos nas duas mãos e não apenas numa como de costume.
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11 de Dezembro
Tive que empurrar o Pedro para fora da cama hoje de manhã porque ele ia ficar a dormir em vez de ir ao Kung-fu. Eu levantei-me também e fui fazer a minha primeira tarefa diária: limpar a sala das gatas. Depois fui dar notas aos alunos do 7º ano na mesma sala para fazer companhia aos bichos. Isso só dificultou o meu trabalho porque a Sculy estava eléctrica e passou o tempo a saltar por cima do dossier, a atirar o lápis ao chão a querer vir para o colo ou a sentar-se em cima da ficha do aluno que eu estava a avaliar. É absolutamente amoroso mas fez-me perder imenso tempo.
O Pedro chegou e combinámos ir para o ginásio. Desta vez almocei primeiro.
Dois dias de ginásio seguidos são um bocadinho demais. Acho que amanhã não me mexo. Ainda por cima fiquei com uma dor de cabeça gigantesca. Acho que foi por eles terem a música a tocar bastanta alta. Lembra-me logo as minhas aulas de quinta-feira. Ando muito sensível ao ruído.
Passámos pelo Pingo Doce a caminho de casa. Continuam a não ter algumas coisas muito básicas, tal como pão e colorantes para o cabelo. Pronto, está bem. O pão é mais grave. Ah! E também não tinham Haagen Dazs Strawberry Cheesecake! No mínimo é criminoso!
Mas tinham sombra para os olhos preta o que quase compensa o resto.
Resolvi aproveitar o facto de ainda serem só seis horas e fui ao cabeleireiro. Nada de drástico foi só acertar a franja que entretanto cresceu com o resto do cabelo. Nada que se note.
Voltei para casa sem perceber porque raio é que me doíam as pernas. Ah, pois, fui ao ginásio dois dias de seguida.
Depois treinei os meus exercícios de piano - agora com headphones. Valeu mesmo a pena comprar a máquina.
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12 de Dezembro
Estranhamente o quarto não estava gelado quando acordei de manhã. Como é domingo eu e o Pedro começámos a combinar ir às compras até repararmos que estava a chover. Sendo assim ele vai passar o dia a trabalhar como de costume e eu vou actualizar os meus sites e treinar piano...
Acabei por ficar um grande bocado a ver testes e dar notas. Tem que ser. Esta semana são as reuniões de final de período e eu tenho de ter as informações prontas.
A Scully achou boa ideia fazer de estola enquanto eu dava as notas. Tem um certo jeito.
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13 de Dezembro
Estive à pressa a fazer exames para os alunos da noite porque me esqueci completamente durante o fim de semana. Mas consegui, mesmo sem ter papel na impressora nem nada. Andei a caçar folhas aqui e ali para conseguir imprimir pelo menos uma cópia de cada.
O dia foi cansativo como todas a segundas feiras mas andou. Pleo menos é a última semana e isso dá-me fôlego. Já dei quase todas as notas e hoje avaliei a última turma que faltava. O prazo de entrega das notas no conselho directivo é amanhã. Acho que é a primeira vez em que espero até ao último dia. Mas teve mesmo que ser.
À noite tive a reunião de notas do currículo alternativo. Consegui dar um cinco. Depois tive aulas com eles e entreguei os testes. Até ficaram espantados com as notas. Passam a vida a dizer que aprenderam mais no último mês do que no ano anterior completo. É encorajador mesmo que não seja inteiramente verdade.
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14 de Dezembro
Fui a Lisboa buscar o registo criminal e voltei a tempo de dar a aula. Básicamente foi um dia perdido mas às vezes tem que ser. Quando voltei era suposto ir buscar o atestado a casa dos meus pais mas a minha mãe não estava. Tem de ficar para amanhã.
Avaliei a aluna que se tinha esquecido dos trabalhos em casa na aula anterior e entreguei as notas antes de sair, ou seja, mesmo no fim do prazo.
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15 de Dezembro
Tive aula de piano logo de manhã. Estava demasiado cansada por isso não fui ao ginásio a seguir. A minha mãe foi ter comigo para entregar o atestado e levei logo tudo à secretaria para despachar. Depois foi levar-me a casa e largar mais um saco de revistas. Se ao menos tivessem alguma coisa de jeito para ler...
À tarde estive a tocar.
Ainda vi uns testes de segunda-feira e depois fui para a escola. Dei as aulas e tratei da burocracia. Como por acaso passei na sala dos professores, reparei num aviso que dizia que tinha que ir preencher as informações individuais dos alunos, num dossier, na sala dos directores de turma. E eu a pensar que já estava tudo feito. Tenho de tratar disso amanhã.
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16 de Dezembro
É o último dia de aulas e mesmo assim tive de marcar faltas disciplinares. Os meninos resolveram atirar um bocado daquelas massas pegajosas ao tecto da sala e depois entretiveram-se a subir para cima das mesas a tentar chegar lá com réguas e outros materiais.
E eu a pensar que ia ter um dia calmo porque os ia mandar sair mais cedo...
Estive a marcar cruzinhas nas folhas de informação dos alunos enquanto eles acabavam alguns trabalhos. Dois em um. Para quê perder mais tempo. Nos intervalos ia devolver o dossier e buscar o seguinte.
À noite tive de ir a casa jantar porque estava demasiado faminta e não tive alunos nem tinha nada para ler. Uma seca. Mas pronto. Foi o último dia deste ano.
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17 de Dezembro
Tive aula de piano. O Alfredo diz que estou a avançar bem e já me deu outro livro para fotocopiar. Vou começar a tocar sonatinas de Clementi.
Depois fui ao ginásio. Tento ir pelo menos uma vez por semana. Sem isso sinto-me logo a inchar.
Devia ser o meu dia de folga mas tive reunião de notas. A primeira de três. Começou às seis e meia e acabou quase às nove. Já não podia com aquilo. Felizmente que um dos colegas é o meu antigo professor de trabalhos manuais, um tipo muito simpático, e por isso tive alguém com quem conversar enquanto discutiam o que fazer aos meninos.
Básicamente o problema é que algumas das crianças - os que causam confusão nas aulas, claro - vieram de outra escola sem os respectivos processos que só chegaram agora. Então só agora é que descobriram que estes miúdos têm realmente problemas e já foram observados ou seguidos por psicólogos etc e nem sequer deviam estar inseridos em turmas tão grandes. Acho que lhes podia ter dito isto tudo há bastante tempo. Enfim. Ficaram duas horas a tentar decidir o que se vai fazer agora, e, como sempre, não chegaram a lado nenhum.
Como já estava feliz e alegre, a Scully arranjou maneira de me fazer ainda mais feliz: conseguiu arrancar o porter do Nitghtwatch da parede e desfaze-lo em bocadinhos muito pequeninos, comer alguns e espalhar o resto pela sala. Passou o resto do dia fechada na caixa de transporte. Não vai fazer diferença absolutamente nenhuma. Acho que é nestas alturas que entendo porque é que as pessoas preferem ter filhos. Pelomenos podem ser culpabilizados uns anos mais tarde. Embaraçar os filhos perante estranhos é um desporto fabuloso para os pais. Com gatos não há vingança possível. Eles é que nos controlam a nós.
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18 de Dezembro
Tive reunião às nove da manhã. Depois fomos para Lisboa fazer compras de Natal. Começámos, como não podia deixar de ser, por comprar coisas para nós próprios. O Pedro comprou calças e sapatos e eu um fato preto. Depois lá nos dignámos a pensar o que comprar para as outras pessoas. Até não nos safámos muito mal, mas não posso dizer nada porque estraga a surpresa :)
Voltámos para casa para largar os sacos e depois de descansar um pouco regressámos a Lisboa para ir jantar com o Paco e a Joana que foram muito simpáticos e resolveram dar um jantar de Natal antecipado. Também gostava de ter uma casa em que coubesse tanta gente. Da última vez que convidámos pessoas teve de ser por turnos...
O Paco estava um bocado em stress e nem sequer deu para conversar mas foi divertido e a comida estava muito boa, especialmente o doce que a Joana fez.
Ah, e devido às reclamações tenho de acrescentar que o paté de atum também estava uma delícia, assim como o bacalhau. Pornto. Está melhor assim? :)
Chegámos a casa por volta das 3 da manhã graças ao Pedro e à Patrícia, os salvadores que nos trouxeram porque senão atravessávamos o rio a nado.
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19 de Dezembro
Fomos almoçar a casa dos meus pais. Correu tudo bem mas acho giro que a minha mãe insistiu em ir buscar a minha avó a casa dela para vir almoçar conosco e depois passa grande parte do tempo a discutir com ela. Dá logo a ideia de ser por obrigação.
O meu irmão também foi e passou grande parte do tempo a ligação à internet do computador lá de casa a funcionar. É sempre assim. O trabalho nunca está feito para algumas pessoas.
O almoço foi rolinhos de perú, que eu adoro. Foi por pouco e por sugestão minha. A mãezinha já se estava a preparar para uma das suas experiências científicas mas não gosto muito de servir de cobaia.
Viemos embora por volta das cinco da tarde, limpámos a sala das gatas e depois passei o resto do dia a embrulhar os presentes do dia anterior.
À noite fui dar os comprimidos às gatas e passado algum tempo a Scully vomitou e parecia bastande desorientada. Não se aguentava nas patas e não conseguia saltar muito bem. O Pedro foi ler o manual de instruções os comprimidos e estes sintomas estão de facto descritos como efeitos secundários. Acho que a dosagem deve ser demasiado elevada para ela.
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20 de Dezembro
Estou de férias!!!!!!
A Scully já estava normal hoje de manhã. Tão normal que tinha já acabado de comer umas pautas às 10 da manhã. Nada como música ao pequeno almoço...
Se não tenho cuidado um dia destes chego a casa e não tenho um único livro intacto.
Fui treinar piano porque este fim de semana não tive tempo nenhum e o Alfredo envia cada vez mais exercícios de uma aula para a outra.
Às 4 da tarde, depois de ler email e enrolar o cabelo, fui para a última reunião de notas do período. Discutimos se alguns dos meninos deviam ser enviados para uma turma especial ou não, já que é impossível dar aulas com eles dentro da sala. Demorou mais duas horas e meia.
Como finalmente chegaram os guias do ministério (os livros através dos quais estudam os alunos da noite), saí da escola bastante carregada.
Fui ter com a minha mãe para irmos comprar um casaco. O meu é muito fininho e já está um bocado gasto. Comprei um muito giro, daqueles à Russo com duas filas de botões, ligeiramente cintado e com gola de pelo que se pode tirar. Muito militar. A minha mãe não resistiu e comprou um para ela também mas diferente do meu.
O casaco é prenda de Natal da minha avó Luisa.
Fui para casa e telefonámos à veterinária por causa da Scully. Ela disse para não lhe darmos os comprimidos hoje e ligarmos amanhã a dizer como é que ela está.
Estava cheia de fome e o frigorífico está completamente vazio, como aliás é costume nesta altura do mês. Fomos então a correr ao restaurante chinês buscar reforços. Voltei com quatro pratos e um calendário para o ano 2000 com um lindo dragão... Riscos que se correm.
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21 de Dezembro
Estive a tocar de manhã e depois fomos às compras. Não consigo encontrar nada de jeito para o Pedro mas ele resolveu comprar qualquer coisa ultra especial para mim e tivemos de vir separados o caminho todo entre os armazéns do Chiado e o carro, com o rio do costume pelo meio, claro.
Ainda por cima gastou quase a totalidade da nossa conta bancária. Mas acho que a única coisa que eu tenho contra isso é não ser eu a gastar o dinheiro :)
Se bem que, depois de comprar o piano já não tenho direito a mais nada...
Os bilhetes para o Ballet Cinderela no CCB estão já esgotados. Queria ir no Domingo mas já não dá. Felizmente que desta vez usei a cabeça e telefonei primeiro antes de ir lá.
Estive mais não sei quantas horas a embrulhar presentes. Para fazer um breve intervalo, fomos dar banho às gatas. Desta vez saímos com os dedos todos. A Scully já não parece tonta mas estava com uma pupila mais dilatada que a outra. Se isso não fosse preocupante até tinha uma certa piada. Fica com um ar ainda mais lunático do que o costume.
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22 de Dezembro
Tive de acordar cedinho para ir ter aula de música. Quase que tive a tentação de ficar na cama mas fui à mesma. E pelos vistos não sou a única pessoa a achar que é cedo demais para tocar piano: o prof. perguntou se para a semana podia ir antes às duas da tarde. concordo plenamente. Aliás, tentei logo mudar para a tarde daqui para a frente :)
Fui finalmente fazer umas compras sozinha e procurar alguns items de interesse para o Pedro. Não consegui exactamente aquilo que queria mas não me safei muito mal.
Fui também fotocopiar mais um livro de pautas mas as máquinas de fotocópias estavam a ser reparadas. Deixei o livro e fui às compras. Mas depois esqueci-me de ir buscar as cópias e voltei para casa, tra-la-ra, com os sacos de compras e só depois de chegar é que dei por isso.
Então fui acordar o Pedrinho, que já passava da uma e se eu não durmo não dorme ninguém, e fomos embora acabar as compras de presentes, comida de gato e buscar as fotocópias. Eu é que me tinha esquecido mas o homem pensava que eu já tinha ido lá quando ele fechou para almoço e pediu muitas desculpas. Até tinha tirado uma cópia a cores da capa como compensação. Coitado. E eu que só preciso da capa para saber que é o opus 599...
Mas pronto, finalmente uma loja em que as pessoas se parecem preocupar com os clientes. Garanto que é muito raro.
Depois andámos um bocado às voltas pela cidade, desta vez de carrinho, e estava um trânsito desgraçado. Parece que os velhotes sairam todos à rua hoje. Atravessavam-se às duzias em frente ao carro, para dificultar ainda mais o percurso.
E aqui, as almas sensíveis devem parar de ler porque vou começar a disparatar. Não sei porquê mas acho que estou para aí virada hoje. Além disso fui encorajada a expor a minha teoria.
Acho que as pessoas a partir de uma determinada idade - com as devidas excepções, entenda-se - não são mais do que desperdício de espaço. Não é pela idade mas pelo facto de deixarem de ser úteis à sociedade e passarem a arrastar-se pelos cantos e atravessar-se à frente de automóveis. Já não produzem nada mas também não parecem muito felizes por ter tempo livre. Passam o tempo a queixar-se do reumático e da juventude que já não presta. Se se mantivesse a posição social do velho sábio que é consultado para dar conselhos. Mas toda a gente quer cometer os seus próprios erros hoje em dia do que cometê-los porque se baseou nos conselhos de outra pessoa.E ntão se ao menos as pessoas que já não necessitam de trabalhar fossem uma espécie de inspiração, um exemplo para os mais novos, do estilo, a mãezinha poder dizer ao seu rebento 'estás a ver aquele velhinho tão feliz? Depois de trabalhares muitos anos e contribuires para a sociedade vais ter como recompensa algum tempo livre para fazeres o que quizeres e ser feliz como aquele senhor'; mas isso não acontece. As pessoas acabam, pelo contrário, com a disposição 'andei estes anos todos a esforçer-me para isto?'
È por isso que grande parte da nossa população idosa é um desperdíco de espaço, oxigénio e dinheiro. E eu nem tenho muito que me queixar. Os médicos, por exemplo, que levam com eles em cima todos os dias estão muito piores. Mas faz parte da profissão contribuir para prolongar a saúde e a vida mesmo daqueles que já não têm muito para que viver. Está bem, pronto, estou a ser mazinha, mas é verdade que tanto socialmente como biológicamente a vida destas pessoas chegou ao fim. Já fizeram a sua parte e o pior é que não parecem muito felizes por isso. Infelizmente parece que nos acontece a todos. Mas eu gostava de envelhecer de forma mais graciosa.
Ser útil de alguma forma sempre foi importante para mim. Não quero tornar-me numa daquelas mulheres dragão que odeiam o mundo inteiro e cuja maior alegria é passar à frente das outras pessoas na fila do pão no supermercado. Acho isso terrivelmente triste, para não dizer irritante.
A utilidade no emprego sempre foi muito importante para mim. Acho que é uma das razões pelas quais continuo a ser professora. Apesar de pensar que se o futuro são estes miúdos que me passam pelas mãos então estamos todos lixados, continuo, de uma forma algo utópica com a esperança que algum deles aprenda realmente qualquer coisa. Pelo menos que algum deles entenda que a criatividade é importante e é isso que faz mudar o mundo. A criatividade e a cobiça, mas pronto.
E se não tivesse que trabalhar, provavelmente não andava por aí de trombas a fazer os possíveis por dificultar a vida do resto do mundo. Bom, e daí, talvez andasse. Tenho tendencia para ser um pouco anti-social.
Mas se não considerasse importante ter um emprego útil, para uma pessoa como eu que fez o curso na Faculdade de Belas Artes, nada mais facil do que auto-intitular-me artista e passar o resto dos meus dias a discutir o que é o belo. Então tornar-me-ia um desperdício de espaço antes do tempo.
Sim. É realmente assim que eu vejo os artistas. A arte já não existe. A secunda metade do século XX já não produziu praticamente nada de inovador. O valor de choque e quanto dinheiro se pode ganhar com umas nódoas de tinta numa tela venceram. Mas pronto. Pode ser que o mundo acabe mesmo para a semana. Têm que admitir que tinha uma certa piada. Pelo menos era inovador.
Na verdade tenho muito mais respeito pelo artesanato. É a excelência técnica que está em jogo sem nenhuma da pretenciosidade. Acho que é por isso que gosto de ter aulas de piano. Estou a aprender uma técnica. Nada mais do que isso.
Fui dar comida às gatas, os comprimidos, etc. Falei com a veterinária e ela disse que o que a Scully tem tido pode ser de ter levado uma pancada na cabeça ou ter andado à luta com uma das outras. Perfeitamente compatível com o seu comportamento.
Estive a pintar o cabelo. Está castanho outra vez. O primeiro a dizer que estava melhor antes leva na cabeça.
Agora ainda tenho que ir pintar as unhas, escolher a roupa para sexta feira e limpar a casa. Acho que esta última parte fica para amanhã. Não sei muito bem porquê mas tenho essa sensação.
O cozinheiro tocou por isso tenho de ir desligar o lume da sopa.
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23 de Dezembro
Era suposto ser um dia calmo mas não foi possível. Estava a máquina da roupa a lavar pela centésima vez quando saltou o quadro. Eu como sou parvinha não reparei que o Pedro tinha deixado o computador ligado e volteia ligar o quadro. O computador aparentemente não deu sinais de vida. Quando o Pedro chegou não consegui ligá-lo e tivemos que ir chatear o meu irmão depois de desmontar a fonte de alimentação da máquina. Como eu tinha combinado ir ter com a calra a Lisboa de qualquer forma não fez diferença. Só cheguei um pouco mais cedo. Dei umas voltas pelos Armazéns do Chiado, encontrei um ex-aluno que está agora na Faculdade de Arquitectura e depois a Carla chegou. Dei ainda umas voltinhas pelas lojas porque estava à procura de uma coisa que não encontrei e depois a Carla insistiu que tinhamos que passar na Haagen Dazs para comer um gelado. Enfim, é daquelas coisas dificeis de resistir.
Depois fui a casa dela. Trocámos as prendas, conversámos um bocadinho, ela mosytrou-me que peça anda a tocar no piano e depois eram horas de me vir embora. O autocarro nunca mais vinha e por isso mandámos parar um taxi. O autocarro vinha imediatamente atrás. O costume. Saí na Praça do Comércio mas o portão de acesso aos barcos já estava fechado. Eram nove e quarenta. Ia começar a dirigir-me para o Cais do Sodré a pé quando resolvi voltar a enfiar-me num taxi. O taxista não ficou muito feliz mas eu quero que se lixe. Liguei ao Pedro para ele me ir buscar ao outro lado. Quando cheguei à estação dos barcos, o bilhete encravou na máquina. Tive de chamar o senhor do costume. Ainda por cima acho que a máquina marcou o bilhete duas vezes mas quando eu disse isso o tipo, em vez de me dar outro bilhete para substituir a viagem perdida (já que o meu é de dez viagens) disse simplesmente 'Não, ficou sobreposto por isso não faz mal.' Mais uma vez, o costume. Como eu só queria era chegar a casa, não estive para me meter em discussões.
Sentei-me e esperei pelo barco. Ao meu lado sentou-se uma loura que não tardou a sacar do seu grande cigarro e começar a fumar. O fumo, claro vinha todo para cima de mim. Depois de tentar afastar o fumo e tossir algums vezes, deitei-lhe um dos meus olhares fulminantes que a gaja ignorou completamente e mudei-me para o outro lado da estação.
Quando cheguei a casa nem pareceia verdade. E ainda por cima o Pedro já tinha resolvido o problema do computador - coisa rara - por isso acabou tudo bem. Mas é nestas alturas que percebo porque é que as pessoas têm carro. Damasiado contacto com as massas faz mal à saúde.
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24 de Dezembro
Foi um dia cansativo, como seria de esperar. Estava preocupada com a roupa que havia de vestir porque tenho sempre uma grande tendência para usar um dos meus vestidos qe são muito bonitos mas muito gelados e depois passo o resto do dia a morrer de frio. Afinal, como toda a gente tem lareira, acabei por ficar com calor. É o que dá escolaher conforto. E ainda por cima, aquilo que eu vesti nem sequer é assim tão confortável. A parte te baixo tudo bem: botas e calças, mas a camisola tem um grande decote rodeado de penas que faziam um pouco de comichão nas costas. Já para não mencionar o facto de andar a largar penas a noite toda, mas pronto. Pelo menos ficava bem.
Saímos de casa por volta das seis e fomos para Palmela, para casa dos meus avós. Jantámos lá e obrigámos toda a gente a abrir os presentes antes das dez da noite. Obrigámos é talvez um pouco forte. Nóas começámos a dar as nossas para nos podermos ir embora e ficou toda a gente com inveja e acabaram por abrir todas. Mas pronto.
Depois fomos para Massamá - sítio lindo, by the way (*sarcasmo óbvio para aqueles que ficaram na dúvida*) - e passámos meia hora às voltas à procura de sítio para estacionar. Acabei por subir sozinha com as prendas enquanto o Pedro continuou à procura.
Quando finalmente estava toda a gente, começaram a distribuição que só acabou por volta das três da manhã visto que metade da sala estava coberta de embrulhos. A prenda final foi o leio de DVD que o Pedro me ofereceu e que eu não podia deixar de saber o que era, o que estragou um bocado a brincadeira.
Prendas: Do Pedro: o DVD e o filme Little Voice. O Paco completou com o filme Mars Attacks. O meu irmão ia estragando tudo porque me ia dar a prenda do Paco antes do resto... Mas ofereceu-me o primeiro volume dos Books of Magic. A Carla deu-me um livro do Seinfeld: registo fotográfico dos últimos dias de filmagens; A minha mãe deu-nos frascos para a cozinha para substituir as caixas onde temos as farinha e outros comestíveis e uma camisola; O meu primo Eduardo ofereceu-me umas velinhas com base de gesso e os meus tios Isabel e Fernando deram-nos um tapete branco muito fofinho. A Marta deu-nos tupperware, a Bela e o Fernando também nos deram um conjunto enorme de caixas e a mim específicamente uma gola de pelo para usar por cima de qualquer casaco e uns ganchinhos muito giros, o Jorge e a Luisa ofereceram-nos os copos de Martini e o CD do Sting, a Mila e o Artur deram-me um roupão muito giro, azul com cãezinhos na gola e mangas, um edredon enorme (yay!!!), uma torradeira linda e uma tostadeira para substituir a última que o Pedro partiu (mas que mesmo assim durou um ano, coitada). O resto fomos nós que comprámos em nome dos avós do Pedro. Jogos de computador (Gabriel Knight e Amerzone), Livros (Trainspotting, Pride and Pejudice, Adam, Mutts), e muita roupa (uma saia, umas calças, um fato preto, dois tops sem alças, uma capa cinzenta, umas luvas e uma camisola preta).
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25 de Dezembro
É Natal é Natal e eu passei o dia a limpar a casa. Estava tudo demasiado nojento. A meio da tarde eu fui dar comida à gata branca porque os meus pais estão em Melides e depois voltámos para limpar mais um bocadinho. Mesmo assim ainda falta aspirar...
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26 de Dezembro
Não temos nada que se coma. Felizmente o selecção estava aberto.
Consegui finalmente aspirar a casa e lavar o chão da cozinha. Aquilo que me deu energia foi entrar na casa de banho de manhã e ver tudo tão limpinho e arrumado. Por isso fui fazer o esforço final e limpar o resto.
Depois tivemos de dar banho às gatas. Mas mesmo com isto tudo ainda conseguimos começar a jogar o Gabriel Knight. Parece muito giro. Eu gostava é de poder jogar os anteriores outra vez. Gostei imenso do primeiro, pelo menos.
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27 de Dezembro
Os dias esta semana começam todos da mesma forma: levanto-me porque já não aguento o telefone a tocar, dou comida aos bichos todos, vou ver se a roupa estendida já secou e depois como qualquer coisa.
Vi um filme chamado Valmont. É a mesma história do Dangerous Liaisons, baseado no mesmo livro, mas com outros actores e todo o filme tem um ambiente mais levezinho. Não há grandes cenas de nudez nem nada disso e nem se vê o tipo a morrer no fim. Valmont é interpretado pelo actor inglês Colin Firth em vez do John Malkovitch. Torna o personagem menos pegajoso :) Gostei bastante do filme. Aliás, gostei dos dois.
Depois fui ao banco depositar um cheque e transeferir o meu salário para a conta onde realmente interessa ter dinheiro. Tive de voltar para casa e sair de novo antes do completar todas as tarefas porque me esqueci da agenda onde aponto o NIB.
Depois voltei para casa onde estive cerca de duas horas à espera que o Pedro se despachasse com os telefonemas para irmos às compras. Quando finalmente conseguimos sair eram já cinco da tarde e apanhámos imenso trânsito mesmo num trajecto que normalmente demora cinco minutos.
Desta vez conseguimos trazer apenas o essencial o que facilitou imenso a elevação das compras até ao terceiro andar - elevação manual, entenda-se, com o auxílio de um cesto e de uma corda.
À noite vimos o filme Liar Liar com o Jim Carrey. Foi melhor do que eu esperava. É até bastante divertido. Antes e depois do filme jogámos um bocadinho de Gabriel knight e pronto. Time for bed.
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28 de Dezembro
Vi o primeiro filme completo no DVD. O Mars Attacks, oferecido pelo Paco, com o som a passar através das colunas e tudo. Acho que me vou habituar a isto :)
Estive depois a praticar escalas e outros exercícios. Acho que o Alfredo se entusiasmou um bocado desta vez. Tenho duas escalas e respectivos arpejos, a música do Bach para limar arestas, especialmente na expressão, uma sonatina do Clementi, mais um exercício do Hanon, mas como eu toco todos os outros que estão para trás primeiro demora uma eternidade, e dois exercícios do Czerny para começar a treinar a posição dos dedos quando se tocam acordes. Enfim. É mesmo para aproveitar a semana de férias.
Agora estou na dúvida se devia ir actualizar sites ou jogar um bocadinho.
Acabei por fazer as duas coisas. Actualizei dois dos sites e estive a jogar Gruntz. Estava encravada no jogo há algum tempo mas consegui passar.
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29 de Dezembro
Comecei o dia a borrifar os sofás e tapetes com imaverol (produto para matar os fungos dos gatos). Depois lavei as paredes da varanda com lixívia como complemento da limpeza ao resto da casa.
E
stive a tocar um bocado porque tinha aula hoje e ao mesmo tempo a gravar um filme para a Carla. Quando pensava que o filme já estava, reparei que tinha ficado gravado sem som porque o cabo estava mal ligado. O costume.

Fui para a aula de música devidamente equipada para seguir directamente para o ginásio. Mas a meio da aula fiquei com uma dor de estômago tão forte que achei melhor não ir. Já estive no ginásio mais vezes com fome e fazer abdominais assim é uma verdadeira tortura. Se não acreditam, experimentem.

No correio tinha um cartão de Natal do Winfried. Muito giro, com vaquinhas. Merry Christmooos and a Happy Mooo Year :)
Ele queixa-se de estar atrasado como sempre mas o postal chegou antes do fim do ano. Acho que a pontaria está a melhorar.

Acabei por vir para casa. O Pedro ligou de Lisboa a pedir para mandar um ficheiro por FTP e depois disso fui almoçar finalmente. Como estou muito feliz por ter a casa arrumada fui ajudar mais um bocadinho e pus a loiça a lavar.

Estive a jogar Gruntz até cerca das oito horas. Acho que vou ficar verdadeiramente doente com este jogo. A partir do nível 20 eles tornam-se verdadeiramente sádicos. É preciso fazer cada puzzle umas dez vezes. Um atraso de meio segundo é o suficiente para já não conseguir chegar ao fim. Mas pronto, não vou desistir agora que já só faltam 4 níveis!

Fomos à veterinária que nos disse que as gatas estão melhores mas mesmo assim temos decontinuar o tratamento indefinidamente. Amanhã é preciso ir comprar mais comprimidos.

Depois jantámos e jogámos mais um bocadinho de Gabriel Knight.
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30 de Dezembro
Hoje levantei-me extraordinariamente cedo: 8.45 AM.
Sabia que tinha trabalho para fazer por isso não consegui ficar na cama mais cedo. Fui logo para o computador e estive a tratar de burocracias da escola: escrever uma participação standard que é só preencher com o nome do aluno e o que ele fez na aula e uma folha para o aluno levar para a sala de estudo com tarefas. Isto porque vou começar a mandar passear todos os miúdos que me impedem de dar uma aula correctamente. Como acho que vão ser muitos a sair logo no início do periodo, achei melhor facilitar o meu trabalho. Assim não tenho que escrever tanto. Coitados :)

Depois estive a fazer as alterações ao site do coiso. Acrescentou-se uma secção nova por isso o menu teve que ficar mais pequeno. De resto está tudo na mesma.

Agora já são dez da manhã. Acho que vou tomar o pequeno almoço.

Acabei por avançar mais um bocadinho num dos sites e depois fui ao ginásio. Acho que abusei ligeiramente. Tenho a impressão de que amanhã não me mexo.
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31 de Dezembro
Não começei muito bem o dia. Chegou a passagem de ano e não tenho nada para dar ao Pedro. Saí logo às dez da manhã e começei a correr a cidade à procura de um filme em DVD, por exemplo, ou qualquer coisa relativamente interessante. Foi difícil mas encontrei qualquer coisa. No entanto, procurar DVDs para venda nesta cidade é a mesma coisa que procurar queijo na loja de queijos dos Monty Python...

Mesmo assim aproveitei para comprar umas botas daquelas com salto em cunha, que são optimas porque deixa de existir o salto que tem a mania de partir, falhar o degrau, etc.
O Pedro tem estado doente por isso tivemos que ir ao posto médico, à farmácia, e o coitado teve de começar a tomar antibiótico para além de um monte de outras coisas. Ainda bem que não vamos para Lisboa esta noite. É muito complicado fazer de conta que se está feliz quando se está doente.

Fiquei á espera da Carla durante a tarde, enquanto via o filme 'Forces of Nature' (nada de especial), mas ela ligou a dizer que só tinha conseguido sair do emprego às cinco porque teve de fazer back-ups dos trabalhos que tinha no disco (ai, ai, olha o bug) e agora está demasiado trânsito para vir cá.
Por mim tudo bem. Vou-me vestir e vamos embora, primeiro a casa dos meus pais e depois a casa dos pais do Pedro - que vão ficar a trabalhar até às dez da noite - fazer o jantar.

Passei então por casa dos meus pais. A minha mãe tinha começado a fazer filhoses e o meu pai, habituado como está a estas coisas, disse logo para não esperarmos por eles que à meia noite ainda estariam ali a acabar de fritar as ditas. Não foi bem assim mas o resultado foi semelhante.

Fomos andando. Acabei por passar muitas horas sem fazer nada já que só valia a pena começar o jantar perto das dez. Nós até levámos um filme - um grande filme aliás, quem ainda não viu deve dirigir-se rapidamente ao videoclube mais próximo - Lock, Stock and Two Smoking Barrels, mas ninguém estava interessado porque perferiram ir para o quarto da Marta ver o Men in Black pela centésima vez. Enfim, não sabem o que perdem.

Pouco antes das dez, quando estava finalmente ocupada a jogar um bocadinho de Puzzle Bobble, com a Rita pendurada no braço da cadeira a dizer 'a seguir sou eu', foi altura de nos vestirmos a rigor, pelo menos segundo a opinião geral. Isto quer dizer vestir-nos de árabe, com verdadeiras túnicas e até aprendi como é que sefaz o turbante e tudo. Acho que com os meus saltos altos e malinha de mão ficava excelente.

Depois descemos à rua para dar as boas vindas aos trabalhadores (Artur e Mila) que ainda ficaram na dúvida uns segundos se estavam prestes a ser assaltados ou não. Enfim, foi divertido. Não fazia algo semelhante desde os meus dez anos, talvez.
Fomos finalmente acabar de cozinhar e comer. Entre a comida chinesa (feita pelo Pedro e que estava óptima como de costume) e as sobremesas tivemos de sair para ir ver o fogo de artifício. Fomos para um morro/parque de estacionamento com vista sobre o rio. Estava cheio de gente. Mas viu-se bem. Só tive pena que não houvesse grande coisa para ver. Não foi particularmente mais interessante que nos anos anteriores, talvez até tenha sido menos. O que é que aconteceu ao fogo de artifício no meio do rio e essa treta toda?
No fundo, foi à portuguesa. Parece que no Porto ainda foi pior.

Depois fomos acabar de comer. Na verdade eu nem toquei nas sobremesas. Era só natas e leite codensado e eu já me ando a sentir um bocado inchada outra vez.

Foi então a vez da distribuição das prendas de ano novo, tradição com alguns anos, desta vez sem sequer levantar da mesa. Recebi o DVD do English Patient, uns brincos e um pente/gancho para o cabelo.

Chegámos por volta das 3 horas. Feliz ano novo.
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