17 de Dezembro, Segunda |
Depois de irmos levantar uma encomenda aos correios, fomos para Setúbal. Mais um dia a tremer de frio, sem grande trabalho para além da seca da base de dados. E ainda por cima, o novo disco do servidor voltou a pifar.
Ao fim da tarde, fomos finalmente ter a reunião que já devis ter sido há algum tempo. Entre os tópicos de discussão, eu resolvi introduzir o tema do meu aumento de salário, que já devia ter sido discutido há seis meses, quando passei a efectiva. Faço o mesmo trabalho que toda a gente e recebo menos 100 contos. Eu apenas queria um aumento pequeno, nem sequer pedi para me pagarem o mesmo que eles todos, mas a resposta imediata da Patrícia foi começar a disparar toda a espécie de críticas, muitas delas falsas, e outras direccionadas mais à minha personalidade do que ao meu trabalho. No fundo, acham que faz parte das minhas funções inventar qualquer coisa para fazer quando não há trabalho, e fui, portanto, acusada de me encostar e não fazer nada, baseado na observação de uma tarde, em que também não era possível aceder ao servidor e nem tinha internet. Depois foi a conversa do 'não me integrar na equipa', ficar muitos dias em casa e uma série de outras coisas. Enfim, acabámos todos a analisar os defeitos uns dos outros e a dizer finalmente aquilo que já toda a gente sabe que se pensa há muito tempo. A Patrícia, porém, é incapaz de admitir os seus defeitos e atitudes erradas, ou então dá a resposta de 'dantes talvez mas agora já não' que é como quem diz, eu mudo e o mundo devia mudar comigo.
O facto de poder trabalhar com o Pedro e poder efectivamente trabalhar de casa muitas vezes são as principais razões pelas quais me interessa ficar na empresa, mas sinceramente, não pensei que esta fosse o tipo de empresa em que é preciso esconder do patrão que se está a jogar paciências durante um bocado. Achei que era um ambiente mais descontraído, menos nazi. Especialmente porque aquilo que se passa é a que a Patrícia está constantemente a fazer a distinção do que é 'só para os sócios', e depois espera que eu tenha o mesmo entusiasmo que ela e a mesma iniciativa em relação a projectos internos, mas recusando-se a fazer-me sócia ou a pagar-me mais do que 120 contos por mês. É ridículo.
E no fundo, todo o esforço que eu fiz até agora para mostrar que era competente, eficiente, etc, não é minimamente reconhecido - apesar de nem eles terem coragem de apontar grandes defeitos em relação ao trabalho excepto o facto de eu não aceitar críticas - que vêm geralmente em listagem na ordem dos vinte items e incluem coisas do tipo 'acho que devias chegar aquilo um pixel para a esquerda', e que nota (ela) 'algumas falhas técnicas' quando mesmo ela passa a vida a mudar de opinião sobre como é que se deviam fazer as coisas. A desculpa é que 'aprende' com a experiência' ao contrário das restantes pessoas que não aprendem nada e se têm que render à sua iluminação divina.
Muito sinceramente, nada disto foi novidade para mim. Mas não me dá vontade nenhuma de pertencer a este grupo de pessoas que esperam que eu seja participativa e interessada quando no fundo acham que eu sou preguiçosa e não valho nada.
Já para não falar no 'mito' (citação) de que eu e o Pedro precisamos do dinheiro para sobreviver enquanto ela (que vive em casa dos pais) não precisa. Portanto, acha que o facto de eu precisar mesmo do salário ao fim do mês é um mito e que devia trabalhar só porque gosto muito daquilo que faço. Nunca vi ninguém tão alheado da realidade.
Enfim. O Pedro acha que o facto de se dizer tudo finalmente foi um avanço, mas sinceramente não sei.
Mas só sei que não saio sem luta e muito menos numa altura em que lhes dava jeito. |
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