7 de Abril, quarta |
Acordei por volta das cinco e meia, agarrei na roupa e fui-me vestir para a sala. Acabei de arrumar as coisas e desci. Os meus pais já estavam lá em baixo à minha espera.
Fomos para o aeroporto, não sem uma das típicas discussões dos meus pais sobre nada de especial. Basicamente o meu pai ficou um bocado chateado por ficar cá sozinho e em vez de dizer isso desata a disparatar sobre não ter pão em casa para o pequeno almoço. É nestas alturas que compreendo porque é que eu queria tanto sair de casa quando era adolescente :)
Chegámos ao aeroporto. Eu e a minha mãe fizemos o check-in e ficámos com uma hora para queimar. Ainda tentei comer qualquer coisa mas não estava com muita fome.
O avião levantou a horas e chegámos a Milão por volta do meio dia local. Infelizmente sair do aeroporto não foi propriamente simples. Talvez por ainda não estarmos habituadas à palavra 'uscita' devemos ter deixado passar um sinal. Depois de perguntar por onde era a saída acabámos por sair pela entrada - seguindo umas escadas que diziam 'staff only'. Sinceramente não percebo porque é que nos disseram para ir por ali. Devia haver uma forma mais directa, mas agora nunca vou saber.
Conseguimos chegar à bilheteira e comprámos bilhetes de comboio para Cadorna. Cada bilhete custou 9 euros, o que foi uma boa introdução aos preços em geral praticados por ali. Chegar ao comboio foi mais fácil, mas mesmo assim devo dizer que a clareza da sinalização dos italianos me parece semelhante à dos portugueses - um bocado à balda.
Ter a certeza se aquela era a linha certa do comboio foi outra aventura porque há duas linhas e nenhuma tem indicações particulares. Partimos do princípio que era ali porque estava mais gente e perguntámos só para confirmar.
No comboio apareceu um revisor a picar os bilhetes e a minha mãe, que tinha uma mala enorme, não encontrava o bilhete. Demorou tanto tempo a procurar que o homem desistiu e foi-se embora.
Quando chegámos a Cadorna apanhámos o metro para Caiazzo, que no mapa nos parecia a estação mais próxima do hotel. O senhor da bilheteira foi muito simpático e deu-nos um mapa do metro que deu imenso jeito para saber em que linha deviamos ir. Ao sair da estação é que foi mais complicado porque aquilo era uma praça e eu achei que estava virada na direcção contrária e li mal o mapa. Acabámos por dar uma voltinha maior do que era necessário, até voltar ao ponto inicial de onde era só preciso descer uma rua.
Chegámos ao hotel por volta das duas da tarde. Fazer o checkin foi outra confusão. Por um lado a minha mãe não se conseguia decidir em que lingua falar, e acabavam por sair muitos ahhhhhhhhhhhh.... sem nada a seguir. Depois estava convencida que havia dois papeis de reserva do hotel e passou montes de tempo á procura do segundo enquanto o homem da recepção, que não percebia o que se estava a passar, ficou para ali especado montes de tempo. Acho que nos ficou a odiar desde então. No final acabou por dizer que aquilo servia e que só precisava dos BIs e a coisa resolveu-se. Mas este tipo de confusões faz-me senpre querer enfiar num buraco. A partir daqui fiquei eu responsável pelos bilhetes de avião para não desaparecerem misteriosamente :P
O hotel não era grande coisa, mas serviu. Os móveis eram todos velhos e a antena da televisão estava cortada, mas pelo menos não tinha animais rastejantes e as camas eram confortáveis, apesar das almofadas serem muito baixinhas.
Fomos almoçar e encontrámos um restaurante porreirinho chamado o Giglio Rosso que tinha umas entradas de massa muito boas. Como o prato de entrada deles é o equivalente a uma refeição para nós, foi suficiente.
Depois do almoço andámos mais um bocadinho e fomos até à Stazione Centrale, que é uma construção monstruosa dos anos 30. Apanhámos o metro para o Duomo e fiquei logo decepcionada pelo facto da fachada da catedral estar tapada. Não é como se Milão tivesse montes de monumentos. e ainda por cima estamos na Páscoa. Não podiam destapar aquilo por uns dias?
Mais tarde vim a saber que já está assim há anos. Pelo menos dois, mais provavelmente cinco. Ou seja, não conheço ninguém que tenha efectivamente visto a fachada da catedral :)
Mas não há dúvida que é impressionante. Ainda demos uma volta a ver se descobriamos onde se subia lá acima, mas acabámos por nos distrair com outras coisas ali à volta e ficámos na mesma.
Fomos até ao Palazzo Reale e acabámos por ver uma exposição do Van Dyck, com quadros recolhidos de diversos museus mundiais. Mais 9 euros por bilhete, claro.
A exposição era composta de uma colecção de retratos e obras de conteúdo religioso. Pelo que compreendi foi o trabalho que o pintor realizou durante o tempo que passou em Itália. Os quadros são enormes e têm imenso pormenor e bastante movimento, como seria de esperar do Barroco, mas é ainda bastante notável o pormenor das mãos, principalmente das personagens femininas, com os dedos anormalmente longos, tão típico do Maneirismo.
Achei interessante que nos retratos o pintor tenha usado diversas vezes o pormenor de um cão aos saltos de forma a transmitir algum movimento a uma composição estática por natureza, devido à pose rígida dos retratados.
Também achei curioso o retrato do homem que pagou para ter um quadro em que está a adorar Cristo na cruz rodeado de dois santos. Realmente as pessoas com dinheiro sempre tiveram um gosto curioso. Devia achar que assim era mais fácil chegar ao céu - estava documentada a sua santidade :)
Depois de termos dado mais umas voltas nas ruas circundantes à praça, fomos comprar qualquer coisa para comer, para nos podermos sentar um bocadinho. Mas como ainda não entendemos bem o processo, não nos deixaram sentar nas mesas - tinhamos de encomendar lá fora para eles incluirem o serviço no preço. Enfim. Acabámos por dar mais uma volta, ir ver a galeria, atravessámos até à Piazza della Scala porque a minha mãe queria ir ver o teatro. Mais uma coisa que está fechada e tapada. Não deu para visitar.
Voltámos ao hotel e à noite a minha mãe quiz voltar a sair. Mas em vez de ter um plano específico em mente queria apenas 'ir dar uma volta'. Infelizmente a zona à volta do hotel não é das mais bonitas. Acabámos por descer a avenida da República, que não tem interesse nenhum e onde estava tudo fechado porque é só escritórios, e acabámos por nos meter no metro e voltar à Duomo. Demos uma voltinha até cerca das onze e fomos dormir. |
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