24 de Abril, quarta |
63kg; 805kcal
Dia de total falta de auto-controlo - read at own risk...
Continuo com ataques de falta de ar. Mas neste momento já não consigo ter a certeza se terá alguma coisa a ver com a anemia ou a tensão baixa, ou se estou simplesmente a ter ataques de pânico. Neste momento estou mais inclinada para a segunda hipótese porque, se não fizesse um esforço para me controlar, estaria a começar a ter tendência para desatar a chorar sem razão nenhuma. E como não estou em fase de SPM, é mesmo um mistério completo.
Não percebo de onde é que vêm estas alterações comportamentais súbitas. É como ser duas pessoas. Mentalmente sei que está tudo ok mas emocionalmente o mundo está virado ao contrário. E o pior é que fico irritada comigo mesma.
Estou gorda. Não há nada a fazer. Não é nada de novo. E cada vez que como qualquer coisa ou passo em frente a um espelho, tenho automaticamente uma sensação de nojo em relação a mim mesma. Eu sei que não tenho uma alimentação cuidada, que não faço exercício, que a culpa é toda minha, e isso só me mete mais nojo. Também sei que a história do peso ideal é mais uma daquelas tretas sociais que nos são impostas mas isso não faz a mínima diferença. Se já pertence ao inconsciente colectivo não é fácil de lutar contra isso. E toda a gente é julgada pelo aspecto que tem.
Mas nunca pensei que fosse ficar verdadeiramente deprimida por causa disto. Só que já não tenho um comportamento normal em relação ao peso há algum tempo. Deixei de comer carne e passei a comer peixe, camarões, espinafres, fruta. Troquei a coca-cola por sumos. Deixei de comer bolos, excepto muito de vez em quando, altura em que se não como exactamente aquilo que me apetece, como tudo o que me aparecer à frente como compensação.
E quando passam meses e as alterações alimentares não fazem a mínima diferença, sou capaz de passar dias sem comer nada. Como ainda não faz diferença - geralmente até ganho peso porque começo a fazer retenção de liquidos e fico ainda mais inchada - nos dias seguinte quebro todas as regras e como tudo aquilo que não devia por vingança contra mim mesma. Auto-punição. Ou seja, a minha auto-estima não está só em baixo. Já se despediu e mudou-se para as Bahamas para recuperar. Longe de mim.
Ainda por cima podia estar a tomar o Xenical ou outra droga qualquer para ajudar a emagrecer (que tomei dois meses e depois levei com a conversa do 'se calhar não é boa ideia' e acabaram-se as receitas, o que fez com que o dinheiro gasto naqueles dois meses tenha sido um autêntico desperdício), mas com 3 médicos na família a achar que não, não há grande coisa que eu possa fazer. Só indo a um médico particular pelas costas de toda a gente. O que já me passou pela cabeça e ainda é de contemplar antes de medidas mais drásticas.
O Pedro já anda a tentar impingir-me os seus anti-depressivos e eu ando a pensar seriamente em começar a fumar - afinal, fumar emagrece.
Tive uma longa conversa com a minha mãe sobre o assunto acima descrito e ela reagiu como sempre: 'tens é que comer melhor, dar uma voltinha de vez em quando, bla bla bla'. E saiu daqui a achar que eu 'devia é ter juízo'. É o costume. Um chazinho resolve tudo.
Eu entendo que é sempre à base de boas intenções e que eu não sou a pessoa mais equilibrada do mundo. Funciono pela negativa. Em vez de resolver os problemas da forma correcta e recomendada, geralmente vou pelo extremo oposto e o que fizer mais mal possível. Porque, no fundo, se a culpa do problema é minha, mereço ser castigada.
É uma atitude muito masoquista. E se parte do problema está na atitude, preciso de me agarrar a qualquer coisa para voltar a achar que vale a pena fazer o esforço. E neste momento, nada vale a pena.
O que é mais estranho é que quando tenho estes ataques de desespero, geralmente dá-me para comer. E hoje não. Não ingeri mais de 800 calorias e já são dez da noite. Estranho.
Chegaram os resultados das análises - afinal foi super rápido.
E era o que eu já estava à espera: a anemia está a manifestar-se. Está pior até do que da última vez, em Outubro. |
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